Leio que Antônio de Pádua Andrade, ex-secretário de Estado de Transportes do Pará, no governo Helder Barbalho (MDB), preso pela Polícia Federal em 2020, acusado de integrar uma organização criminosa que teria desviado bilhões dos cofres públicos do Estado, acaba de ganhar uma promoção.
Ronaldo Brasiliense
14/06/2023
Nomeado como Diretor de Operações da Autoridade Portuária de Santos pelo minuscto dos Portos, Márcio França (PSB), será o responsável por tocar uma obra orçada em R$ 5 bilhões: a construção de um túnel entre as cidades paulistas de Santos e Guarujá.
Antes de ser encarcerado pela PF, Pádua Andrade foi secretário de Obras de Marabá, no Sudeste do Pará; foi ministro de Infraestrutura no governo de Michel Temer (MDB) e secretário de Transportes do Pará.
A ressurreição de Pádua Andrade mostra como o Judiciário brasileiro é tchutchuca com os criminosos do colarinho branco: não são presos, não são julgados, não são condenados, gozam de uma impunidade que se eterniza pelo Brasil afora.
Parcifal Pontes, ex-chefe da Casa Civil do governo Hélder Barbalho, que também foi preso pela Polícia Federal na mesma operação que mandou Pádua Andrade para atrás das grades, também foi libertado por decisão monocrática do ministro Dias Toffolli, do Supremo Tribunal Federal (STF), que livrou da prisão, também, Leonardo Nascimento, assessor especial de Helder Barbalho, e Peter Cassol, secretário-adjunto de Saúde do Pará, que teve apreendido pela Polícia Federal em sua residência um cooler recheado com R$ 745 mil, dinheiro supostamente da corrupção na Secretária de Saúde do Pará.
O Escândalo dos Respiradores
A Organização Mundial de Saúde (OMS) anunciou o fim da emergência mundial contra a pandemia da Covid 19, após três anos e três meses, mas é bom não esquecer que, três anos atrás, um escândalo sem precedentes propiciou mais de duas mil mortes só em Belém do Pará pelo letal novo coronavirus.
Em abril de 2020, o midiático governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), anunciava em suas redes sociais a chegada em Belém de 400 Respiradores Mecânicos comprados na China pelo governo do Pará por supostamente superfaturados R$ 50,4 milhões.
Helder Barbalho negociou a compra pelo seu whatsapp, atropelando inclusive a Secretaria de Estado de Saúde (Sespa), com uma empresa picareta, a SKN, de um amigo pessoal, André Felipe,e o resultado foi desastroso para o Estado e sua população.
Chegaram a Belém, na fase mais violenta da pandemia, apenas 158 Respiradores Mecânicos, todos imprestáveis para serem usados no tratamento de cidadãos e cidadãs infectados pela covid 19.
A negociata com a SKN acabou dando origem à Operação SOS da Polícia Federal, que resultou nas prisões dos secretários de Estado Parcifal Pontes, Antônio Pádua Andrade, do subsecretário de Saúde Peter Cassol e do assessor especial de Helder Barbalho, o advogado Leonardo Nascimento. Todos depois foram soltos por decisão monocrática do ministro Dias Toffolli, do Supremo Tribunal Federal (STF), que não se sabe porque interveio no inquérito da Polícia Federal, autorizado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).
O Inquérito sobre o Escândalo dos Respiradores Mecânicos imprestáveis até hoje dorme em berço esplêndido em uma gaveta do ministro Francisco Falcão, do STJ.
No período de abril a junho de 2020, na fase mais aguda da pandemia da Covid 19, morreram 2005 cidadãos e cidadãs paraenses em Belém do Pará, mortes que poderiam ter sido evitadas se o governador Helder Barbalho tivesse efetivamente comprado 400 respiradores mecânicos e implantado em Belém 400 Unidades de Terapia Intensiva (UTI), como havia prometido.
Que o governador Helder Barbalho seja assombrado pelo resto da sua vida pela morte de tantos inocentes.
Desejo ao nobre jornalista muito sucesso. Sabemos que fazer jornalismo na Amazônia é muito difícil, mas vc com a sua competência tem todas as condições para realizar um grande trabalho.
Vamos em frente, sem medo, que jornalismo não é profissão para covardes.