“Nao basta condenar, tem que humilhar”

Ronaldo Brasiliense

Condenado a oito meses e dois dias a prestar “serviços à comunidade” pela juíza Anuzia Dias, que assumiu interinamente a 4a Vara Criminal de Belém, do Pará, para ne condenar, por chamar o governador Helder Barbalho (, MDB) de “sem noção” e “sem escrúpulos”, estranhei o fato de ter sido encaminhado pela justica à Secretaria Municipal de Infraestrutura de Óbidos, no oeste do Pará, para cumprir a pena.

Ao me apresentar na Seinfra para pagar uma hora por dia da pena imposta pelo Judiciário do Paraz, recebi a informação de uma funcionária da Prefeitura de Óbidos que lá só havia trabalho pesado. Ela sugeriu que eu fosse lavar as latrinas da sede da Seinfra.

Argumentei que sou jornalista há 48 anos, tenho 65 anos – sou idoso, portanto – cardiopata, com duas pontes no coração -uma mamária e una safena – o que me impossibilita de realizar serviços que exijam grande esforço físico.

Compreendi que para o governador Helder Barbalho não bastava a condenação, na brutal perseguição, assédio judicial explícito, que sofro no Pará desde que Barbalho assumiu o poder no Estado, em 1o de janeiro de 2019: Helder Barbalho queria vingança, que deveria ser me humilhar em um trabalho degradante – lavar latrinas ou trabalhar na limpeza pública, como varredor de rua, quem sabe no lixão da cidade.

Cheguei a pensar em aceitar a função de limpador de latrinas na sede da Seinfra – é isso o que a justiça do Pará cobsudera como servicos à comunidade? – gravar em vídeo e fazer divulgação nacional da humilhação através da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) e da entidade internacional Repórteres Sem Fronteira, que estão apoiando a nossa causa e a liberdade de expressão no Brasil .

Fui convencido pelo meu médico cardiologista a não colocar minha vida em risco realizando serviços pesados. “Não faça o jogo dos teus algozes, que querem mesmo é te ver morto para calar tua voz para sempre”, argumentou o médico.

Fui convencido.. Ainda espero, 40 dias após a sentença ser lida, que o juiz da comarca de Óbidos Clemilton Salomão defina o meu destino.