COP 30

Belém massacrada no mundo

Ronaldo Brasiliense

Nunca, em seus mais de 400 anos de história, Belém do Pará – a Metrópole da Amazônia – foi tão massacrada, vilipendiada, esculhambada, por todo o Brasil, e no mundo, como no momento atual, quando a segunda mais populosa cidade da Amazônia brasileira se prepara para receber, em novembro, a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP 30.

“Belém do Pará não serve para nada”, disparou um dos fundadores do Movimento Brasil Livre (MBL), um desqualificado chamado Renan Santos, que usou o termo “favelão” para definir com uma só palavra a capital dos paraenses.

Não parou por ai. Em participação no programa Sem Filtro, o jornalista Augusto Nunes, uma espécie de porta-voz da extrema-direita no Brasil, questionou a escolha de Belém como sede da COP 30 afirmando, com todas as letras, que a capital paraense “não é bem a Amazônia”, por estar “às margens de um rio”. Suprema ignorância! Como não saber que a Amazônia acompanha o rio Amazonas, o maior do planeta em extensão – mais de seis mil kms – e volume d’água, na maior bacia hidrográfica do mundo? Do Peru à desembocadura no Oceano Atlântico, no vizinho Amapá.

A revista britânica The Economist também fez duras criticas a Belém do Pará na edição desta semana ao afirmar que a COP 30 será um “caos” no Brasil.
“Belém é uma cidade esburacada na Amazônia brasileira, quente, pontilhada de esgoto a céu aberto e com escassez de leitos de hotel. Cerca de 40% de suas casas não têm rede de esgoto. E em novembro sediará a COP 30, a cúpula do clima da ONU deste ano, que certamente será um caos”, prevê a revista.

Belém seria o cenário perfeito para a Conferência da ONU se não fosse por uma contradição brutal: há uma década, a cidade tem se mantido como uma das 20 piores do país no Ranking do Saneamento elaborado pelo acreditado Instituto Trata Brasil, como atacou revista de circulação nacional.

As críticas, que partem principalmente dos Estados da região sudeste, embutem um preconceito raiz contra a Amazônia, que muitos insistem em divulgar como uma região de floresta tropical, com indígenas, sucuris, capivaras, guaribas e jacarés desfilando pelas ruas. Desconhecem que os nove Estados da chamada Amazônia Legal contam com quase 30 milhões de brasileiros, milhões desses vivendo na miséria extrema, condenados a viver sem água tratada e esgotamento sanitário.

É bom deixar claro: a escolha de Belém como sede da COP-30 não aconteceu apenas por uma questão geográfica: tem o simbolismo de, pela primeira vez na história, se realizar uma Conferência Mundial sobre Mudanças Climáticas no coração da maior floresta tropical úmida da Terra e a que mantém a maior biodiversidade do planeta.
O choro é livre e farto.

A Amazônia, representada por Belém do Pará, enfim, estará no centro das decisões climáticas do mundo, e precisa ser preservada a bem da humanidade.

Que o planeta pague o preço pela sua conservação.

Nada mais justo!

Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será publicado.


*