A pandemia da corrupção no governo Helder Barbalho

Foto: Divulgação/Fantástico/Globo
Por Ronaldo Brasiliense

O Pará foi, segundo a Controladoria Geral da União (CGU), o Estado da Federação que mais registrou desvios de recursos públicos durante a pandemia da Covid-19.

Cinco anos depois da fase mais aguda da pandemia – 2020 – todos os envolvidos nos escândalos que se sucederam com desvio de dinheiro público na pandemia da Covid 19 no Pará estão todos soltos e, provavelmente, muito ricos.

É o caso, por exemplo, de Nicolas Tsontakis, o Gordo, segundo a Polícia Federal o “operador financeiro” da quadrilha de Organizações Sociais inidoneas, que pode ter assaltado os cofres da Secretaria de Saúde do Pará em estratosféricos R$ 1,2 bilhão, na administração de quatro hospitais de campanha e cinco hospitais regionais.

Só o Gordo Tsontakis, segundo a PF teria movimentado R$ 455,5 milhões.

Enquanto os ladrões das OSs se locupletavam com o dinheiro público, em Santarém, no oeste do Pará, onde se instalou um hospital de campanha improvisado, médicos, enfermeiros, técnicos, maqueiros e motoristas de ambulância, entre outras categorias, ficaram meses sem receber salários. Os hospitais de campanha de Belém, Breves (Marajó), Santarém e Altamira funcionavam de forma precária, muitos sem leitos de UTI, sem respiradores mecânicos e com escasso oxigênio para atender aos casos mais graves de infecção pela Covid 19.

Pelas investigações da Polícia Federal em várias operações, a quadrilha das organizações sociais desviava mais de R$ 450 milhões no Estado do Pará, dinheiro que deveria ser empregado no combate à pandemia.

CONCLUSÕES

Essas foram as principais conclusões da segunda etapa da Operação SOS, da Polícia Federal, no Estado do Pará, onde o dinheiro que deveria ser gasto para salvar vidas na maior pandemia em 100 anos – desde a imortal Gripe Espanhola – transformou-se em fazendas de gado, helicóptero, aviões, luxuosos apartamentos e carros importados, muitos carros.

Já na Operação Reditus, da PF, Receita Federal e Controladoria Geral da União (CGU), foram presas 61 pessoas e sequestrados bens avaliados em R$ 1 bilhão – para tentar ressarcir o erário público. O rombo, segundo a PF, pode chegar, repito, a R$ 1,2 bilhão.

O “operador financeiro” da quadrilha, Nicolas Morais Tsontakis de 36 anos, chegou a movimentar R$ 100 milhões num posto de gasolina inativado de sua propriedade, no interior do Estado.

O Gordo seria o elo de ligação entre os operadores de quatro organizações sociais e o governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), que teria como organizador do esquema corrupto o então chefe da Casa Civil do governo do Pará, Parcifal Pontes, preso pela Polícia Federal na Operação SOS, uma espécie de eminência parda do governador Helder Barbalho (MDB).

Na mesma operação foram presos o então secretário de Transportes do Pará, Antônio Pádua Costa, e o assessor especial de Helder Barbalho, o advogado Leonardo Nascimento, uma espécie de secretário particular do governador, integrante da banca de advogados da família Barbalho.

Parcifal Pontes, ex-prefeito de Tucuruí, no sudeste paraense, seria o responsável por antecipar informações sobre as apurações da Polícia Federal para integrantes do governo e da quadrilha das OSs, como ocorreu durante a operação de busca e apreensão realizada em apartamento de luxo no edifício Vasco da Gama, em Belém do Pará, que foi esvaziado antes de a PF chegar.

Parsifal também usaria, segundo a PF, o cartão de crédito sem limites de Nicolas Morais Tsontakis, que coordenava a distribuição do dinheiro repassado pelo governo do Pará para as organizações sociais que administravam nove hospitais paraenses durante a pandemia.

Uma das OSs, o Instituto Panamericano de Gestão (IPG), que administrava o hospital de campanha de Santarém e o hospital regional de Itaituba, no oeste do Estado, recebeu em uma semana R$ 8 milhões do governo, mas teve que repassar R$ 5 milhões para o saque da quadrilha.

O governador Helder Barbalho não foi alvo da Operação SOS II. Todos os relatórios envolvendo o governador – que tem foro privilegiado – foram desmembrados e encaminhados ao ministro Francisco Falcão, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), o foro competente para julgar governadores de Estado.

O Pará registrou até hoje mais de 907 mil casos da Covid 19, com 19.340 mortes.

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